13/02/2013 14h49 - Atualizado em 13/02/2013 17h23
Leia perguntas e respostas sobre a renúncia do Papa Bento XVI
O anúncio feito pelo Papa Bento XVI de que ele deixará o comando da Igreja Católica no dia 28 de fevereiro causou espanto em todo o mundo e gerou diversas dúvidas sobre a sucessão e a situação da Igreja enquanto um novo papa não é eleito.
A renúncia é permitida?
A renúncia de um Papa está prevista no Código de Direito Canônico, no artigo 332.2, que estabelece que, para ter validade, é preciso que seja de livre e espontânea vontade e não precisa ser aceita por ninguém. Segundo o código, uma vez tendo renunciado, o Papa não pode mais voltar atrás.
Algum outro Papa já havia renunciado?
Sim, já houve outras renúncias na história da Igreja Católica, assim como papas que deixaram o posto por terem sido depostos por imperadores. O último pontífice a renunciar por vontade própria foi Celestino V, em 1294, após apenas cinco meses de pontificado. Gregório XII abdicou a contragosto em 1415 para encerrar uma disputa com um candidato rival à Santa Sé. Outros papas que renunciaram são Ponciano, em 235; Silvério, em 537; João XVIII, em 1009; e Bento IX, em 1045.
Por que o Papa renunciou?
Bento XVI afirmou em comunicado que vai deixar a liderança da Igreja Católica Apostólica Romana devido à idade avançada – ele tem 85 anos – e por "não ter mais forças" para exercer as obrigações do cargo. Nos últimos meses, o Papa parecia cada vez mais frágil em suas aparições públicas, muitas vezes precisando de ajuda para caminhar. O Vaticano negou que uma doença tenha sido o motivo, mas informou após o anúncio da renúncia que o Papa está usando um marcapasso cardíaco "há algum tempo".
O Papa Bento XVI lê nesta segunda-feira (11) o anúncio de sua renúncia, durante reunião de cardeais no Vaticano. A imagem foi divulgada pelo jornal ' L'Osservatore Romano', do Vaticano (Foto: AP)
Houve pressão para que o Papa renunciasse?
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que a decisão de renunciar foi tomada por Bento XVI sem pressão externa. Entretanto, durante seu pontificado, o Papa enfrentou uma crise por conta de vários escândalos de abuso sexual de crianças que abalaram a Igreja, além do escândalo do VatiLeaks, envolvendo o vazamento de documentos secretos do Vaticano por meio de seu mordomo pessoal. Especialistas dizem que o pontífice pode ter enfrentado pressão para deixar o cargo devido aos escândalos e também à sua idade avançada. Há correntes dentro da Igreja que defendem que o Papa deve ser mais jovem, para conseguir acompanhar as transformações do mundo e ter um pontificado mais longo.
O que acontece a partir do dia 28 de fevereiro?
Bento XVI deixará o comando da Igreja às 17h (no horário de Roma) do dia 28 de fevereiro. A partir deste horário, começa o período de Sé Vacante (tempo que transcorre entre o momento em que um papa morre ou renuncia até a escolha do sucessor). O Conclave (reunião de cardeais de todo o mundo a portas fechadas para escolher o novo papa) deve começar a partir do dia 15 de março, uma sexta-feira. Durante a Sé Vacante, os assuntos da igreja ficam sob a responsabilidade do Cardeal Decano, ou Camerlengo, responsável por convocar o Conclave. O atual Camerlengo é o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone.
O que Bento XVI fará depois de 28 de fevereiro?
Segundo o Vaticano, Bento XVI seguirá de helicóptero para a residência papal de verão, Castelgandolfo, a cerca de 30 quilômetros ao sul de Roma. Enquanto estiver na residência de verão, o mosteiro Mater Ecclesiae, localizado no Vaticano, será reformado para receber Bento XVI. O mosteiro - o único que existe dentro do Vaticano - foi construído em 1992, sob instruções do Papa João Paulo II, que queria criar um espaço para aqueles que dedicam sua vida à contemplação. O porta-voz do Vaticano disse não acreditar que Bento XVI irá viver recluso, e afirmou que o atual Papa não terá nenhuma função na administração da Igreja nem irá influenciar na escolha do novo pontífice.
Como o Papa Bento XVI será chamado após sua renúncia?
Ainda há dúvidas sobre como Bento XVI será chamado após deixar o comando da Igreja Católica. O último Papa a renunciar, Gregório XII, continuou sendo chamado de Gregório até sua morte. Joseph Ratzinger continuará sendo bispo, já que a ordenação como bispo é um sacramento, que não é retirado. Entretanto, ele não volta automaticamente a ser cardeal – ele teria que ser apontado novamente como cardeal por seu sucessor – o que ocorreu com Gregório XII.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, explicou que os protocolos da Igreja para a situação ainda não estão claros, mas que provavelmente Bento XVI terá algum título “emérito”. Greg Burke, consultor de comunicações do Vaticano, disse que um dos prováveis títulos para Bento XVI será “Bispo de Roma Emérito”. Outros representantes do Vaticano acreditam que o título será definido pelo próximo Papa, e que Bento XVI poderá continuar sendo chamado de “Sua Santidade” como uma forma de respeito – assim como ex-presidentes continuam sendo chamados de “presidente”.
Bento XVI continuará sendo considerado infalível após a renúncia?
O dogma da infalibilidade dos papas em questões referentes à fé cristã foi adotado oficialmente pela Igreja Católica em 1870, com sua instituição pelo Concílio Vaticano 1°, durante o papado de Pio IX. Segundo a doutrina católica, o Papa não é perfeito, mas é infalível quando fala ex cathedra, ou seja em exercício como supremo pastor do povo de Deus em questões relacionadas à fé, às doutrinas e ao exercício moral.
Desde o Concílio Vaticano 1°, apenas um pronunciamento ex cathedra foi feito – quando Pio XII declarou a Assunção de Maria como um dogma da Igreja, em 1950 – a crença segundo a qual o corpo e a alma da Virgem Maria foram elevados aos céus logo após sua morte.
Apenas os papas podem fazer pronunciamentos ex cathedra. Bento XVI não realizou nenhum, e perderá esse poder quando deixar o pontificado – por isso, não será considerado infalível.
Por que a eleição de um novo Papa só começa depois de 15 dias?
O prazo de no mínimo 15 dias após a morte ou renúncia de um Papa para o início do Conclave está previsto no Código de Direito Canônico. Ele foi determinado para que os cardeais de todo o mundo tenham tempo de chegar a Roma – os cardeais são orientados a resolver todas as suas possíveis pendências, tanto pessoais quanto relativas à Igreja, antes do início do Conclave, quando ficam incomunicáveis. O prazo máximo para o início da eleição é de 20 dias após o início da Sé Vacante. Após 20 dias, o Conclave é iniciado mesmo que nem todos os cardeais tenham chegado a Roma.
Quem escolhe o novo Papa?
O Papa é escolhido pelos cardeais. Atualmente, há 209 deles, mas apenas os que têm até 80 anos no início do Conclave podem votar e ser eleitos – o que reduz a 117 o número de votantes atualmente. Esse número pode mudar até a data de início do Conclave. Entre eles, 67 foram nomeados por Bento XVI e 50 por seu antecessor, João Paulo II. O número máximo de cardeais eleitores é de 120.
De onde são os cardeais que irão eleger o novo Papa?
A maior parte dos cardeais eleitores é da Europa – 61. A Itália é o país que concentra o maior número de cardeais eleitores – são 21, um terço dos europeus. A América Latina tem 19 eleitores (
cinco deles brasileiros). Quatorze cardeais eleitores são da América do Norte, 11 da África, 11 da Ásia e apenas um da Oceania.
Dom Angelo Scola, arcebispo de Milão, em outubro de 2012 (Foto: AFP)
Quais são os nomes apontados como favoritos para ser o novo Papa?
Apesar de especulações desde a eleição de Bento XVI apontarem que já é tempo de a Igreja Católica ter um papa africano ou latino-americano, especialistas acreditam que um italiano é o favorito: Dom Angelo Scola, de 72 anos, arcebispo de Milão, apreciado teólogo e homem do diálogo inter-religioso. Outros cotados são o cardeal-arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, de 73 anos, considerado um “modernista conservador”; o arcebispo de Kinshasa, no Congo, Laurent Monsengwo Pasinya, de 74 anos, que desempenhou um papel de mediação na resolução do conflito em seu país; e o hondurenho Oscar Andrés Maradiaga, 70 anos, cardeal e arcebispo de Tegucigalpa, considerado ortodoxo sobre as doutrinas.
Quais Papas não foram europeus na história recente? (Fábio Silva, internauta)
Não há registro de papas não europeus na história recente. O último foi o São Gregório III, natural da Síria, que foi Papa entre 731 a 741. Antes dele, outro sírio também foi Papa: Constantino I (entre 708 e 715). São Melquíades, natural do norte da África (sua origem precisa é desconhecida) foi Papa entre 311 e 314. O 14º Papa, Vítor I, era natural da Tunísia (quando esta ainda era uma província romana) e foi Papa entre 189 a 199.
O que é preciso para ser eleito Papa?
Oficialmente, não há requisitos básicos para que uma pessoa seja eleita Papa – basta que ela seja católica e ter pleno uso da razão. Entretanto, na prática, o eleito há muitos séculos sempre tem sido um cardeal. Caso o cardeal eleito ainda não seja bispo, ele é ordenado logo após a eleição – já que o papa é o Bispo de Roma. O escolhido precisa ter o voto de dois terços dos cardeais votantes para ser eleito.
É possível ser cardeal sem ser bispo? Como é a hierarquia na Igreja Católica?(Claudius Penna, internauta)
Não é necessário ser bispo para ser nomeado cardeal – por isso, a Constituição Católica determina que se o cardeal eleito como o novo papa ainda não for bispo, receba a ordenação logo após aceitar o cargo, para que possa assumir como Bispo de Roma. Os cardeais são a mais alta hierarquia na Igreja depois do Papa. Já os bispos, considerados os sucessores diretos dos apóstolos de Cristo, são responsáveis por administrar as dioceses.
Quem são os brasileiros que podem virar Papa?
Cinco cardeais brasileiros terão menos de 80 anos na data do conclave e, portanto, podem votar e ser eleitos: o cardeal arcebispo emérito de São Paulo, Dom Claudio Hummes, de 78 anos; o arcebispo emérito de Salvador Dom Geraldo Majella, de 79 anos; o arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, de 63 anos; o arcebispo emérito de Brasília João Braz de Aviz, de 66 anos, que é prefeito das congregações dos religiosos em Roma; e o presidente da CNBB e atual arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno, de 76 anos. Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, está fora do conclave por ter completado 80 anos em dezembro. Também já ultrapassaram a idade limite os cardeais Dom Paulo Evaristo Arns, de 91 anos, ex-arcebispo de São Paulo, dom Serafim Fernandes de Araújo, de 88, ex-arcebispo emérito de Belo Horizonte, e dom José Freire Falcão, de 87, ex-arcebispo de Brasília.
Dom Odilo Scheller, dom João Braz de Aviz, dom Geraldo Majella Agnelo (no alto), dom Cláudio Hummes e dom Raymundo Damasceno são os brasileiros que podem ser eleitos (Foto: Arquivo G1)
Como acontece o processo de escolha?
Com o início do Conclave, os cardeais seguem em cortejo da Capela Paulina, onde se reúnem inicialmente, até a Sistina, onde ocorrem as votações. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal Camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior. Três cardeais assistentes são escolhidos para auxiliar o Camerlengo – eles são trocados a cada três dias.
Os eleitores ficam isolados em celas particulares e se reúnem na Capela Sistina duas vezes por dia para votar – caso não um nome não obtenha dois terços dos votos na primeira votação. Além deles, ficam alojados nos arredores da Capela Sistina apenas o Secretário do Colégio Cardinalício o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, com dois Cerimoniários e dois religiosos adscritos à Sacristia Pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo Cardeal Decano ou pelo Cardeal que o substitua, para lhe servir de assistente; além de alguns religiosos de diversas línguas para as confissões, dois médicos para eventuais emergências e pessoas responsáveis pela alimentação e limpeza.
Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o resultado. No momento da eleição, ficam na capela apenas os eleitores, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e o eclesiástico escolhido para fazer aos cardeais eleitores a segunda das duas meditações. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for eleito não renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano.
Por que os cardeais ficam isolados?
O isolamento ocorre para garantir o segredo da eleição – nem o número de votos que o escolhido recebeu é divulgado – e para permitir as orações e meditações necessárias para a escolha do voto – além de evitar possíveis pressões e influências externas. Durante todo o tempo que durar o Conclave, os cardeais não podem manter qualquer tipo de contato e correspondência com pessoas externas – somente razões gravíssimas e urgentes, comprovadas pela congregação dos cardeais, permitirão tais contatos. Eles também não podem ter acesso a meios de comunicação. As pessoas envolvidas no processo também devem manter o sigilo e estão sujeitas a punições do futuro Papa caso não o cumpram. A exigência de segredo nas votações está estipulada na Constituição Apostólica.
Qual o poder do camerlengo durante o conclave? (Fabio Silva, internauta)
O camerlengo detém a administração da Igreja Católica durante o período de Sé Vacante – entre a morte ou renúncia de um Papa e a escolha de seu sucessor. Ele deve cuidar e administrar os bens e direitos temporais da Santa Sé, com o auxílio de três cardeais assistentes escolhidos à sorte. Por também ser um cardeal, ele participa da eleição do novo papa também como eleitor, desde que tenha menos de 80 anos, e também pode ser votado. Ele é responsável por garantir o sigilo dentro da Capela Sistina durante as votações, impedindo comunicações e vazamento de informações, deve recolher as anotações dos cardeais e se certificar de que os votos foram queimados e elaborar um relatório com os resultados das votações. Além disso, é perante o camerlengo que os cardeais fazem seus juramentos antes do processo eleitoral.
É permitida a realização de acordos, promessas ou pactos antes da eleição?
Segundo a Constituição Apostólica, os cardeais eleitores são proibidos de realizar qualquer tipo de acordo visando benefícios ou promessas de realizações pela eleição de um ou outro candidato. Promessas eventualmente feitas serão consideradas nulas e os autores podem ser excomungados. Entretanto, a troca de ideias sobre a eleição antes do Conclave não é proibida. Também está vetada a influência externa – os eleitores não podem receber recomendações ou vetos de autoridades civis ou religiosas. O código também recomenda que os cardeais não se deixem guiar por simpatia ou aversão aos candidatos como fator de influência na escolha do papa.
Como são dados os votos?
Os votos são escritos pelos cardeais em fichas distribuídas no início da votação – cada cardeal eleitor recebe duas ou três. São eleitos à sorte entre os votantes três escrutinadores, três responsáveis por recolher os votos dos doentes e três revisores.
O nome do escolhido deve ser escrito nas fichas de maneira secreta e com uma caligrafia diferente da habitual, para evitar a identificação dos votos. Elas devem ser dobradas duas vezes. Cada cardeal leva seu voto de maneira visível até a urna e o deposita, antes realizando um juramento. Os cardeais doentes que estiverem instalados no Vaticano e impossibilitados de participar do Conclave na Capela Sistina terão seus votos recolhidos por cardeais designados no início da votação.
Os eleitores não podem revelar a qualquer outra pessoa notícias sobre a votação e seu próprio voto, nem antes, durante ou depois do processo.
Urnas nas quais vão ser colocados os votos dos cardeais na escolha do próximo Papa (Foto: Reuters/Osservatore Romano)
Como os votos são computados?
Após o depósito de todas as fichas, a urna é aberta e é feita a contagem dos votos. Se o número for diferente do de presentes as fichas são queimadas e a eleição reiniciada. Caso tudo esteja certo, começa a contagem. Os três escrutinadores sorteados no início são os responsáveis pela apuração. O primeiro e o segundo observam o nome na ficha, e o terceiro, certificando-se de que o nome está correto, o lê em voz alta. Todos os eleitores anotam o nome em uma folha apropriada. Cada uma das fichas de voto é furada com uma agulha e inserida em um fio, para que elas sejam conservadas de forma segura.
Após a leitura de todos os votos, há a soma dos votos. Caso um dos nomes consiga dois terços dos votos, o Papa está eleito. Caso contrário, é feita uma nova votação. Em ambos os casos, todas as anotações são recolhidas e verificadas.
Logo após a revisão, as fichas são queimadas pelos escrutinadores. Caso não haja um consenso e seja necessária uma segunda votação, as fichas da primeira são guardadas e queimadas apenas no final, junto com as do processo seguinte.
Quanto tempo pode durar o processo de escolha?
Caso o nome mais votado não consiga dois terços dos votos, a eleição pode se estender por vários dias. No primeiro dia, está prevista apenas uma votação. Nos seguintes, devem ser realizadas duas pela manhã e duas durante a tarde. Após três dias sem decisão, deverá ser feita uma pausa de um dia para oração e reflexões entre os cardeais. A pausa é seguida por sete votações. Caso não haja resultado, deve ocorrer um novo dia de pausa. A sequência pode ocorrer por mais três vezes. Se ainda assim não houver um eleito, os cardeais devem decidir como proceder – pela eleição por maioria absoluta ou votação apenas nos dois nomes com mais votos, elegendo-se também o que obtiver maioria absoluta. Será adotado o que a maior parte dos cardeais decidir.
Como é feito o anúncio de que um novo Papa foi escolhido?
Quando a escolha finalmente ocorre, o cardeal mais antigo pergunta ao mais votado se ele aceita o cargo. Ao responder “aceito”, o cardeal passa a ser o novo papa. Em seguida, ele informa por qual nome passará a ser chamado. Caso o eleito já seja bispo, é imediatamente apontado como Bispo de Roma, assumindo o poder sobre a Igreja. Se não for, é ordenado na hora.
As cédulas são queimadas, e a tradição indica que os cardeais devem usar palha seca ou úmida para que a fumaça seja preta (se não foi escolhido o Papa) ou branca (se a votação deu como resultado a eleição do novo pontífice). Quando a fumaça é branca, o público na Praça São Pedro sabe que o novo pontífice foi escolhido. Após uma cerimônia solene entre os cardeais, o novo papa costuma aparecer ao público, como fez Bento XVI ao ser eleito em 2005.
Freiras oram na Basílica de São Pedro, no Vaticano, na manhã desta terça-feira (12) (Foto: Alessandra Tarantino/AP)
Como é escolhido o nome dos Papas? (Julio Brondani, internauta)
A tradição de adotar um novo nome ao ser nomeado Papa foi iniciada por Jesus Cristo, que mudou o nome do pescador Simão para Pedro, o primeiro Bispo de Roma. Cada Papa é responsável por escolher o nome que adotará durante o pontificado – ele deve apontar o nome logo após aceitar a eleição. A escolha é uma forma de homenagear os antigos papas e também indica a linha de administração do novo pontífice. O nome escolhido normalmente aponta que o novo papa se identifica com as doutrinas e realizações dos outros papas que tiveram o mesmo nome.
Quais as funções do Papa?
O Papa é o bispo de Roma, chefe de estado da cidade do Vaticano e líder mundial da Igreja Católica. Seu cargo é vitalício, e sua autoridade descende diretamente de Jesus Cristo. Entre suas funções e deveres está manter integridade e fidelidade do deposito da fé; se dedicar à expansão do catolicismo e da fé cristã pelo mundo; nomear cardeais e eleger bispos; canonizar santos e criar dioceses; intervir em questões administrativas do Vaticano e da Igreja Católica em todo o mundo; trabalhar pelo diálogo inter-religioso e pela defesa dos direitos-humanos.
Quais os principais desafios do próximo Papa?
Historicamente, pedidos de renúncia de papas foram seguidos por momentos de cisão na Igreja Católica, enfrentados com dificuldade por seus sucessores. Por enquanto, essa tendência não é vista agora. Entretanto, o novo pontífice segue com os desafios enfrentados por Bento XVI – a perda de fiéis para outras doutrinas, principalmente em países do Terceiro Mundo; os escândalos de pedofilia espalhados por diversos países; a dicotomia entre o avanço da sociedade moderna e posições doutrinárias da Igreja, como o uso de contraceptivos, camisinha, aborto, celibato ou casamento homossexual. Conciliar a disputa entre correntes conservadoras e outras de pensamento mais liberal também é um desafio ao novo pontífice.Estabelecer contato com os mais jovens e conseguir se aproximar deles, principalmente com o uso de tecnologias, também será essencial ao novo pontífice.
O que acontecerá com a Jornada Mundial da Juventude, marcada de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro?
A jornada acontecerá normalmente, segundo a arquidiocese do Rio. Bento XVI havia confirmado sua presença como representante do Vaticano no encontro no Brasil. Segundo o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, ébastante provável que o novo Papa compareça ao evento. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse acreditar que a primeira viagem internacional do novo Papa seja ao Rio de Janeiro para o encontro.